domingo, 26 de julho de 2009

Em 1905 Afonso Costa apela à revolução "à russa"

«A Rússia não quer mais autocracias, nem admite novas ilusões. Os acontecimentos seguem o seu caminho inexorável, com mais sangue, com mais violências, com mais ódios, visto que assim o querem os reaccionários imperialistas.»

Afonso Costa 1905


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A família real Russa foi executada pelos bolcheviques depois da revolução de 1917, quando Nicolau II já tinha abdicado do trono. O czar, a mulher Alexandra, os cinco filhos: Maria, Tatiana, Anastasia, Olga e Alexei – o filho mais novo e herdeiro do trono – estavam nos montes Urais, em Iekaterinburg e foram executados a tiro a 17 de Julho de 1918, por um esquadrão na cave da casa de um comerciante.
Lenine após o Regicídio de 1908 em Portugal (que vitimaria o Rei e o Princípe herdeiro) lamentaria em artigo que o assassinato não se tivesse estendido à restante Família Real Portuguesa.
Em 1905, Afonso Costa vive no Porto, onde advoga. Por falta de saúde, suspende os seus cursos na Universidade de Coimbra. Várias vezes é proposto deputado, mas fracassa nas urnas. Exerce papel de relevo na reorganização e orientação do Partido Republicano.
Em 1905-06 a revolução estala na Rússia. Amotina-se o couraçado Potemkin, dão-se recontros em S. Petersburgo e noutras'cidades entre revolucionários e forças repressivas. Em todo o mundo republicano a emoção é grande. Afonso Costa, que então publicava no jornal de Lisboa O Mundo uma crónica semanal, a «Nota Vermelha», escreve:
«A Rússia não quer mais autocracias, nem admite novas ilusões. Os acontecimentos seguem o seu caminho inexorável, com mais sangue, com mais violências, com mais ódios, visto que assim o querem os reaccionários imperialistas.
Já os chefes radicais e socialistas dão aos seus partidos a palavra d'ordem, que é nítida e completa: tomarem os camponeses posse das terras, apoderarem-se dos haveres e dinhei-ros do Governo que existam nas administrações locais, levantarem-se em massa contra qualquer arbitrariedade ou prepotência, e pedirem aos soldados, mandados contra eles, que não disparem contra o povo, antes se coloquem ao lado dele.
Eu sei que há pessimistas, que contam com revolução na Rússia para 30, 40 anos; mas são só os que não conhecem nem sequer estudam a situação de todas as classes russas, incluindo a militar, e só excluindo os infamíssimos e bárbaros cossacos!
Em pouco tempo, quem viver verá a República Russa! Assim seja também a República Portuguesa!»


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3 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

A asquerosa criatura que foi o tal Costa, bem merecia ter tido um fim mais consentâneo com a sua "valentia" perante as pistolas. Um epílogo de carreira "à la António Granjo" teria sido ideal. mas não, apodreceu normalmente, com os bolsos cheios de metal sonante. Como no fundo, sempre pretendeu.

Anónimo disse...

Este tipo de linguagem desbragada não fica nada bem aos monárquicos, pelo menos aos que agora se dizem como tais.
Comentários como o antecedente fazem-nos melhor perceber porque foi implantada a República...

Nuno Castelo-Branco disse...

Caro anónimo:

O comentário anterior ao seu, utiliza apenas a linguagem que os republicanos nos ensinaram como sendo a mais eficaz. Aliás, fica-nos muito bem, para que não continuem a pensar nos "bigodes retorcidos". desses e das barbichas à hora do telejornal, estamos cheios até aos gorgomilos.