terça-feira, 16 de junho de 2009

Grandes Obras

A aposta em infra-estruturas destas é SEMPRE política, não racional. Recordo-me dos estádios de futebol que estamos todos a pagar…

Determinadas obras, para além dos fins políticos, presuntivamente fomentadores da Economia, servem essencialmente os interesses das grandes empresas de construção civil, que ocupam um lugar relevante na economia portuguesa e no emprego de emigrantes não qualificados.

Qualquer gestor minimamente capaz sabe que um qualquer projecto obedece a várias regras de boas práticas, podendo ser suficientemente abrangente para se equacionarem interesses públicos. Em Portugal determinam-se interesses políticos, aos quais se adaptam os diferentes aspectos da realidade. Deste modo, o governo legitima-se indirectamente pelas eleições para endividar o país para muito além da legislatura sem proveito real.

Vejamos os casos gritantes, sem profunda análise:

TGV- o comboio de alta velocidade projectado reunirá Lisboa, Porto, Madrid, essencialmente. Dado que estas cidades distam de menos de uma hora de avião em “low cost” e que o tempo dispendido é aproximadamente igual (devido aos trâmites de segurança dos aeroportos), para quê ir por terra? Aliás, o TGV não é uma rota adequada ao transporte de mercadorias, devido aos custos estimados e por comparação aos reais, praticados pelos países que já os têm.

É menos poluente? Não. É mais rápido? Não. É mais expedito? Não. Assenta em infra-estruturas existentes? Não.

Fiquemos por aqui.

Novo aeroporto – As actuais estimativas projectam a capacidade plena dos nossos 3 aeroportos, nomeadamente o de Lisboa, para 2016. Isto quer dizer funcionarem a 100% da capacidade disponível. Curiosamente foram feitas obras na Portela que expandem de alguma forma esta capacidade, recentemente “inauguradas”. Países muito ricos encomendam aeroportos para serem colocados num dado lugar (exemplo: EAU), os chamados aeroportos móveis, que são operacionais em até 3 anos. Custa-me a crer que 16 anos sejam insuficientes para criar alternativas de facto em Portugal, sobretudo quando a maior parte desta tecnologia é europeia (Alemanha).

Adiante.

Auto-estradas – Adoro as auto-estradas na Alemanha, onde há limite de velocidade abaixo de, de acordo com a faixa onde se circula. No nosso país, o governo socialista andou a pavimentar inúmeros caminhos de betão, muitos com portagens excessivas (comparem o custo de ida e volta de Lisboa ao Porto, utilizando um carrito ou o comboio). Já lá vai o tempo salazarista onde se pagava a estrada a metro… Hoje paga-se ao concessionário da obra, através das portagens, recebendo o estado a devida percentagem.

De facto, estamos com um país cheio de cimento, de norte a sul e de este a oeste. Claro que os acessos às cidades, vilas e aldeias não interessa, pois são assuntos autárquicos…

Siga.

Não me vou debruçar sobre as contas, os benefícios estratégico-estruturais e outros palavrões que o Português não sabe nem quer saber.

A mensagem é simples e clara e tem sido propagada nestes últimos 100 anos: o governo republicano é basicamente incompetente, porque não atende às necessidades do povo, algo que a Monarquia sempre fez, por vezes melhor, por outras pior. Houve mais perseguição com a república e pior, do que em alguma governação monárquica (com talvez a excepção da expulsão dos judeus no séc.XVIII, mas isso é outra questão; há mais sobre isto do que se quer publicar).

João Paulo Carvalho

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